terça-feira, 1 de março de 2011

Voltei à casa...

Hoje,
voltei à casa da rua do cais do porto.
A porta estava aberta
passantes curiosos espiavam
nem me importei
um cheiro do mofo abstrato
lambeu o meu rosto
ventos atávicos
o longo corredor...
passadiço coerente
de tramas e dramas familiares
ecos de um tempo
aí ressoam insistentes
Hoje
a casa está à venda
a vista é do rio e dos saveiros
no quintal
a mangueira foi cortada
implicância de vizinho
cala-se a voz centenária
a casa desocupada
a árvore tombada
são apenas resquícios agonizantes
breve espaço necessário
intermediando inexorável
acontecimento posterior
fecho a porta devolvida
que por momentos se abriu
ao tempo que já passou
respirarei os ares frescos
da manhã que por certo virá
rumo ao cais do porto seguirei
contente e segura
confiante embarcarei
naquele saveiro amarelo
confiante ao rumo do cais do futuro.
Amália Grimaldi

2 comentários:

  1. Que imensa alegria me invade ao constatar tua presença na blogsfera, ainda mais quando os vinculos são em promoção da literatura e arte. Parabéns pelo Olho do Badejo.

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