segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ah, essa minha divergente maneira de ser feliz...





Ah, essa minha divergente maneira de ser feliz...

Ele vai mais cedo com o sol ainda alto queimando a ponta do nariz. Eu vou depois, me lambuzado em contentamento naquela emulsão escorrida,- Sol despencando em cores fortes -, buscando a franja do  horizonte. O repouso do astro. Regresso no lusco-fusco da noite primária. Cansada e feliz.
Opiniões divergentes. Ângulos desiguais. Desentendimentos. Frank, marchando como soldado, habitualmente prefere andar por lugares conhecidos. Medo de se perder?  Fujo ao tédio, ao comum.  Então, amigavelmente, selamos saudável acordo, e sem mais discussões, decidimos andar -, separadamente.
Viajar ou caminhar sozinho é diferente de se viver sozinho. Quando se vive uno torna-se mais fácil se resguardar, fugir do contato social, aquele que não nos interessa. Como qualquer ermitão a gente se protege no interior da nossa caverna, rola e atravessa pesada pedra a entrada. Lembram-se dos Flintstones?
“ Ta na hora do jantar... Cade minha camisa azul? Ja sao onze horas...” Pois é. Tomo como verdadeiro o conceito de que andar sozinho, na voz de um bom andarilho, e o mesmo que sentir-se pleno, confortavelmente alojado no interior desse lugar inviolavel, somente habitado por nos mesmos – a nossa alma.  Tenho muita experiência de estrada. E, na minha maneira de poetar, como todo poeta, (nao e pleonasmo...) este lugar, invisivel  torna-se vital ao nosso desenvolvimento catartico, e ai entao que me refugio, escapando de possivel external desconforto. Rolo aquela enorme pedra vedando a entrada dessa minha caverna. 
Parece-me que quando a gente viaja sozinho, aquele nosso estado solitário interior, é como um imã, atrai outros viajantes,em lugares diversos, na mesma situação. Na verdade trata-se de compartilhar experiências e sentimentos com pessoas que pensam como a gente. Sensacional. É isso mesmo. Não estamos sós.
Enfim, são tantos os lugares a serem explorados. Nas minhas revigorantes caminhadas ao entardecer, guiada por uma especie de `sexto sentido`, costumo optar por um caminho diferente Assim vou adicionando flores e cores, odores, e sorrisos, vou compondo a minha paisagem emocional nesse belo e generoso país que me acolheu como cidadã. Geralmente procuro lugares agradáveis, onde me sinto abraçada. Gigantescos, robustos eucaliptos estendem seus gigantescos e tortuosos braços em múltiplos ramos esgalhados, sinto que me envolvem a passagem, tomam meus sensos. O perfume do eucalipto se funde com o leve odor mentolado de imponentes ciprestes, bem tratados e aparados, ornamento de cercas de abastadas casas, sao jardins bem tratados, impecáveis. Tudo isto faz parte da paisagem do meu caminho de pensares. Faz bem  à alma da gente.





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