Hoje,
voltei à casa da rua do cais do porto.
A porta estava aberta
passantes curiosos espiavam
nem me importei
um cheiro do mofo abstrato
lambeu o meu rosto
ventos atávicos
o longo corredor...
passadiço coerente
de tramas e dramas familiares
ecos de um tempo
aí ressoam insistentes
Hoje
a casa está à venda
a vista é do rio e dos saveiros
no quintal
a mangueira foi cortada
implicância de vizinho
cala-se a voz centenária
a casa desocupada
a árvore tombada
são apenas resquícios agonizantes
breve espaço necessário
intermediando inexorável
acontecimento posterior
fecho a porta devolvida
que por momentos se abriu
ao tempo que já passou
respirarei os ares frescos
da manhã que por certo virá
rumo ao cais do porto seguirei
contente e segura
confiante embarcarei
naquele saveiro amarelo
confiante ao rumo do cais do futuro.
Amália Grimaldi
Que imensa alegria me invade ao constatar tua presença na blogsfera, ainda mais quando os vinculos são em promoção da literatura e arte. Parabéns pelo Olho do Badejo.
ResponderExcluirQue nostalgia maravilhosa!!!
ResponderExcluir