segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ainda me restam trinta minutos




Vê, estou aqui. Gritemos aos pardais de quintais alheios

Entreolhemo-nos em nossos fingimentos

Curtos sorrisos de lado


Vê, o monumento ainda se ergue sã

Só o mundo está prestes a cair

Pedras estão a rolar insanas

Somente a palmeira ainda se ergue sã


Vê, é a agonia de quem pensa maior

No que fazer de suas entranhas

Medonha sinuosa linha de brancos vermes

- Rejeito a sua pena


Vê, são folhas de jornal

Levadas ao vento destas ruas de domingo

É a leveza de despojados

Ao rancor de seus dias descuidados


Vê, ainda restam-me trinta minutos

Para adoçar este café. Maldoso cálice

Resta-me ainda o curto sorriso

Desdobro ao seu respaldo

- Colher rasa de escárnio.

(Amália Grimaldi)

Um comentário:

  1. Puxa,enfim,encontrei.
    Andei fuçando o Google até q/ achei vc aqui,neste jardim poético, de onde se sai de bem com a vida.
    Muitos abraços carinhosos

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