Ah, essa minha divergente maneira de ser feliz...
Ele
vai mais cedo com o sol ainda alto queimando a ponta do nariz. Eu vou depois, me
lambuzado em contentamento naquela emulsão escorrida,- Sol despencando em cores
fortes -, buscando a franja do
horizonte. O repouso do astro. Regresso no lusco-fusco da noite
primária. Cansada e feliz.
Opiniões
divergentes. Ângulos desiguais. Desentendimentos. Frank, marchando como
soldado, habitualmente prefere andar por lugares conhecidos. Medo de se
perder? Fujo ao tédio, ao comum. Então, amigavelmente, selamos saudável acordo,
e sem mais discussões, decidimos andar -, separadamente.
Viajar
ou caminhar sozinho é diferente de se viver sozinho. Quando se vive uno
torna-se mais fácil se resguardar, fugir do contato social, aquele que não nos
interessa. Como qualquer ermitão a gente se protege no interior da nossa
caverna, rola e atravessa pesada pedra a entrada. Lembram-se dos Flintstones?
“
Ta na hora do jantar... Cade minha camisa azul? Ja sao onze horas...” Pois é. Tomo
como verdadeiro o conceito de que andar sozinho, na voz de um bom andarilho, e
o mesmo que sentir-se pleno, confortavelmente alojado no interior desse lugar
inviolavel, somente habitado por nos mesmos – a nossa alma. Tenho muita experiência de estrada. E, na
minha maneira de poetar, como todo poeta, (nao e pleonasmo...) este lugar, invisivel
torna-se vital ao nosso desenvolvimento
catartico, e ai entao que me refugio, escapando de possivel external
desconforto. Rolo aquela enorme pedra vedando a entrada dessa minha
caverna.
Parece-me
que quando a gente viaja sozinho, aquele nosso estado solitário interior, é
como um imã, atrai outros viajantes,em lugares diversos, na mesma situação. Na
verdade trata-se de compartilhar experiências e sentimentos com pessoas que
pensam como a gente. Sensacional. É isso mesmo. Não estamos sós.
Enfim,
são tantos os lugares a serem explorados. Nas minhas revigorantes caminhadas ao
entardecer, guiada por uma especie de `sexto sentido`, costumo optar por um
caminho diferente Assim vou adicionando flores e cores, odores, e sorrisos, vou
compondo a minha paisagem emocional nesse belo e generoso país que me acolheu
como cidadã. Geralmente procuro lugares agradáveis, onde me sinto abraçada.
Gigantescos, robustos eucaliptos estendem seus gigantescos e tortuosos braços
em múltiplos ramos esgalhados, sinto que me envolvem a passagem, tomam meus
sensos. O perfume do eucalipto se funde com o leve odor mentolado de imponentes
ciprestes, bem tratados e aparados, ornamento de cercas de abastadas casas, sao
jardins bem tratados, impecáveis. Tudo isto faz parte da paisagem do meu
caminho de pensares. Faz bem à alma da
gente.
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